terça-feira, 9 de junho de 2009

Memória

Escrever um livro talvez seja a tentativa mais desesperada de reter a memória. Platão achava que a escrita iria fazer as pessoas perderem a memória. O mesmo preconizou alguns arautos do fim do mundo, que a perda da memória aconteceria devido a informática e a internet. Por preguiça armazenaríamos tudo em discos rigidos, chips, celulares etc. É bem verdade que ando esquecendo algumas coisas. Não sei a quem culpar. Já queimei bastante neurônios quando adolescente, mas acreditava até então, que ainda tinha ou tenho alguns milhões deles onde poderiam ficar registrados eventos tão importantes quanto o primeiro olhar da Laura e do Biel, o por de sol na chapada do Arararipe, aquela trepada no mato numa noite de lua cheia, os motivos das marcas pelo corpo, um velho anel, aquele cheiro, aquele gosto, o poema de... aquele autor.... o ...aquele....Não pensem que esqueci...Neruda, Vinícius, leminsk, Carlos, Manuel, Cora Coralina, Elisa Lucinda, Augusto dos anjos....tantos poemas e poetas que fiizeram minhas memórias ficarem mais leves e encantadas. Talvez a minha idade esteja a me roubar algumas boas lembranças, ou o tempo tão sem tempo para dedicarmos a uma boa prosa, a contação de nossos causos regados por uma boa bebida e comida slowfood. Talvez por essa necessidade de reter a memória que acredito na escrita, nos livros. Acredito que os autores sérios escrevem não por vaidade, mas para dar vasão as suas angustias, inquietações, ou tentativa desesperada de poder deter o que é finito. Tudo bem...uma dose de vaidade não faz mal a ninguém. Que se ganhe uns trocados e uns sinceros elogios não é mal. E ainda mais se aquela pessoa que você tanto deseja se deixar encantar por suas palavras e vir a... sei lá...quem sabe... Como diz os mineiros: Bão também! Tudo vale a pena quando a alma não é pequena já dizia... Ah lembrei: Fernando Pessoa. É isso aí, nesses tempos de tantos exercícios físicos vamos ler e escrever, musculação para o cérebro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário